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Professor Tito Romeu.

domingo, 20 de março de 2011

Ensaio sobre o Cristianismo / Ciência

No enquadramento do I SIMPÓSIO FÉ E CULTURA, que se realizou no dia 19 de Março de 2011, sobre o tema: «As intermitências do diálogo entre Ciência e Cristianismo», o ISCRA (Instituto Superior de Ciências Religiosas de Aveiro) promoveu um Concurso dirigido a estudantes do 9º ao 1º ano do Ensino Superior, para a atribuição do Prémio Póvoa dos Reis - Cientista e Padre.
Neste sentido, a pedido do professor de EMRC do Agrupamento a aluna do 9º ano Julyana Dantas realizou o seu ensaio para o respectivo concurso.



Ensaio sobre o Cristianismo / Ciência
Eu sempre considerei que a religião e o avanço tecnológico, o avanço da ciência, essa muitas vezes designada de "religião dos ateus", nunca se poderia misturar, fundir e ajudar-se mutuamente. Decerto que há padres e devotos católicos que foram grandes cientistas, no entanto sabemos que a Igreja Católica já desmentiu e ridicularizou várias teorias brilhantes, algumas das quais hoje sabendo-se verdadeiras.
E porque terá a Igreja Católica feito tal coisa?
Talvez os seus membros tenham medo que Deus, a base de tudo o que acreditam, a base de todas as suas forças simplesmente não exista, que tudo o que se julga obra d’Ele possa ser desvendado pelo olhar minucioso da ciência e nós Homens, possamos fazer o Seu trabalho. Nessa altura será apenas "ele", o tal que se acreditou ser um ser superior e poderoso passa a ser apenas mais uma lenda que desvanecerá com o tempo. Nessa altura todos seremos Deuses, e o conceito do nome perderá o seu valor. Se assim o for, a Igreja oculta-nos a verdade e deixa-nos na ignorância, manipulando-nos.
Talvez saibam que a questão da existência ou não existência de Deus é impossível de provar, relativa, até utópica. Ou caótica. Mas quanto mais a tecnologia avança, nós, os seres humanos, temos duas hipóteses, dois caminhos a escolher: ou escolhemos acreditar que Deus não existe, ou acreditamos que com esta tecnologia ,que avança mais e mais a cada dia que passa, estaremos mais perto de Deus, mais perto de o perceber e o alcançar. A questão aqui é, se é esta a posição da Igreja Católica. Tentará ela privar-nos deste tal avanço por medo que grande parte da população fique impressionada e se converta ou é apenas uma medida de defesa contra uma sociedade em mudança, um mecanismo de protecção da moralidade e dos costumes?
Mas há a tal contradição (ou talvez esta não seja a contradição e o que está referido acima o seja) de que há padres cientistas, que dividem as suas mentes entre a divindade e a ciência. Talvez estes façam parte da categoria de pessoas que acredita que a ciência nos aproximará do Criador. Tal como já disse, não compreendo como as duas coisas podem-se misturar, tudo o que posso fazer é especular. Cheguei já a pensar que estas pessoas são simplesmente loucas e irracionais. Não o são, de facto são mais geniais do que os que acreditam apenas e unicamente em algo superior ou do que aqueles que desprezam a religião, tomando equações e fórmulas como a única coisa real no mundo. E porque digo eu isto? Sempre achei que neste último grupo estavam os sábios, os iluminados, no entanto a verdade é que estes não conseguem sequer pensar na possibilidade de ambas as coisas coexistirem. Os que misturam o insolúvel, percebem a beleza e o horror de uma pintura, choram e riem com uma peça de piano tocada à luz da lua cheia, esses sim, esses são os grandes génios, os homens honrados, os sábios. Temos alguns exemplos de grandes génios que eram católicos (digo alguns e não muitos porque há uma certa polémica quanto à adesão ou não de muitos como por exemplo Leonardo Da Vinci e Albert Einstein).
Dos casos mais controversos conhecidos a este respeito temos o caso de Galileu Galilei que foi pressionado pela Inquisição e obrigado a negar a sua teoria em tribunal. Teoria esta que foi um aperfeiçoamento da teoria heliocêntrica de Copérnico, mas este não tinha provas suficientes para ser levado como uma grande ameaça. Acontece que Copérnico era cónego da Igreja Católica e Galileu um cristão dedicado, questiono-me que tipo de emoções e pensamentos passou pelas suas mentes naqueles momentos.
Se eles próprios acreditavam em algo superior e conseguiram conciliar a religião com a ciência, porque não o conseguimos nós? Porque razão condenou e ridicularizou este tipo de pensamento? Porque razão a maioria dos católicos não pensa nisto e os que não são religiosos não são capazes de ponderar sobre a hipótese de que talvez possa haver algo que não conseguimos alcançar?
Esta mentalidade pode parecer mais inacessível e sombria do que qualquer ciência jamais concebida. Talvez isto aconteça por serem assuntos subjectivos, por vivermos num mundo relativo. Mas estes homens de facto existem e continuaram a existir até ao fim dos tempos.
A sociedade é corrupta, não paramos para pensar, analisar, divagar nos mares da relatividade e por isso tomamos como certas ou erradas certas ideias preconcebidas. O triste é ver que muita gente descarta a hipótese de um deus sem nunca ter acreditado, mas mais triste ainda é acreditar num deus sem nunca ter questionado a sua existência.

Julyana Dantas
09/02/2011

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